sábado, 5 de dezembro de 2009

JULIE (03/12/1999 - 04/12/2009)






















Eu quis dar um presente de aniversário para minha esposa, um cão, na verdade, o presente era para mim mesmo.Foi aí que conheci a Julie, 30 dias de vida, cabia dentro de uma caixa de sapato.Minha esposa escolheu, na verdade Julie escolheu, viémos para Santos(Julie nasceu na cidade de Embu das Artes).Era a alegria da casa, logo demonstrou problemas relativos ao famosos vermes de feira de cães, mas o veterinário escolhido nos aliviou, sem problemas, ela vai ficar bem.E ficou !Desde pequena, só fazia arte, muito barulhenta, cheia de energia, era muito especial.Não me lembro de quantas vezes ela fez xixi no tapete, carpete do quarto, até se acostumar no local certo.quando pequena ainda, coloquei uma madeira separando a cozinha do hall de entrada enquanto estávamos trabalhando, era uma área grande para ela ficar, ali, enquanto não pudesse sair para passear na rua, seria o seu,"banheiro particular".Que nada, quando chegávamos, ela tinha escalado a bendita madeira e já estava nos esperando na porta de entrada.As vezes, o xixi também.Era adorava viajar, foi a cachorra que mais viajou, íamos sempre para Serra Negra, adora se enroscar no mato, correr por aquelas áreas, sempre vinha cheia de mato pendurado, como diz minha esposa, parece uma árvore de natal.Por duas vezes, ela se esfregou na bosta de cavalo, sei lá porque, veio tão fedida, tão fedida, que tivemos que lavá-la dentro do box, passar vinagre com água para arrancar o cheiro.Eu ficava muito bravo, mas no fundo, era divertido.Era muito estressada, dava muito trabalho ao entrar no carro, quando entrava, latia muito, era alguma espécie de fobia, sei lá.Durante a viagem gostava de andar para frente e para trás, até se acomodar no colo da esposa.Aí ficava e dormia durante o trajeto.Ela me deixava quase louco, enquanto não sossegava.Chegou até a destruir o filme de carro com suas unhas de tanto stress.Fiquei muito P da vida, mas passou.Sempre passa !Não gostava de ficar sozinha em casa, durante nossa ausência, quando íamos trabalhar; no começo, latia muito.Uma vez, minha esposa ficou tão nervosa que ela quase perdeu o horário de entrada do trabalho, tentando fazer a Julie se calar.O latido podia ser escutado em todo o condomínio.Tudo tem um tempo de adaptação e ela se adaptou ao nosso ritmo.Sempre que chegávamos, trazia seu bichinho de pelúcia oferendo para gente, porém ela nunca deixava tirar da sua boca - era o Ted.Sabia de todos os nossos horários.Era tão bacana encontrá-la em casa,depois do estressante dia de trabalho; eu chegava ou a esposa, levávamos para passear, basta fazer a pergunta-Vamos Passear ?, lá estava ela ,a postos, cheia de motivação para sair.Na verdade, era ela que me levava, tinha muita força, me arrastava mesmo.Certa vez, teve que fazer um exame de urina e não queríamos que sua bexiga foi furada por uma agulha para fazer a coleta.De madrugada, colocamos um saco de supermercado, feito uma fralda, no meio de suas perninhas,mesmo assim ela andou livremente pelas ruas, quando ela se baixou, a esposa coletou a urina com uma seringa que ficou depositada no saco.Foi hilário a cena.Devia ter fotografado.Ela adorava ficar na janela, vendo o movimento.Quando eu morava na ponta da praia, quando escutava o apito do navio de passageiros, se eu estivesse na janela, pedia colo para ver também o movimento.Eu a provocava muito, até ver os seus dentes para fora, querendo me morder, lembrava a cena do Alien - o oitavo passageiro.Isso também me causou algumas cicatrizes. Ia dormir quando íamos para o quarto, ficava na cozinha quando estávamos na cozinha, na sala, se estávamos na sala; era muito companheira.Não gostava de ficar sozinha.Mudei recentemente pra um apartamento maior e no meu coração sabia que ela tinha gostado da nova morada, é maior, tinha mais espaço e uma enorme praça em frente pra poder passear.Como ela adorava a praça.Eu escondia muita vezes as artes que ela fazia; a última foi o papel de parede que ela riscou com as unhas, tirou um pedacinho e eu, com cola tenaz e giz de cera disfarcei a situação para que ninguém percebesse.Eu falava para ela- aprontou de novo! - e ela embaixo da mesa, me olhava com aqueles olhos, sabendo exatamente o que eu queria dizer.Muitas vezes eu estava com pressa e ela rebolava, andando bem cadenciada na minha frente, quase que pedindo para eu também cadenciar minha vida.Ela tinha razão, eu não a escutei.Ainda bem que em outubro desse ano, tirei minha licença e pude ficar mais tempo com a Julie.Sempre que tinha algum problema, corria logo para o veterinário, não esperava.Passamos até de madrugada cuidando dela, sempre que necessário.Esse ano de 2009 foi muito difícil (está sendo), profissionalmente, não foi positivo, foi muito cansativo ,mas eu tinha a alegria dela para me fortalecer.Foi o único ano em que ela mais deu problema de saúde, sempre teve uma saúde de ferro.Mas ontem, dia 4 de dezembro ela partiu, sozinha, isolada, talvez tivesse escolhido assim, para nos poupar.E eu nem pude me despedir em vida, estava tão para baixo,ela não queria muita conversa, talvez devido o problema, a dor.Mas ela esperou a gente ir trabalhar para então partir.Tá muito difícil, a casa esta muito vazia, sempre de manhã ela pedia banana para começar o dia, enquanto eu não desse, não sossegava.Hoje começar o dia ficou mais difícil mesmo.Estou sentindo muita falta de sua companhia, de suas artes.Gostaria de ter ficado mais perto, mas eu não pude! Ela tinha completado 10 anos, em um ano 11 numerologicamente falando.Quando eu analisei esse número no início de 2009, ele acenava para dificuldades, provas, que precisaria muita força para superar dificuldades.Eu acho que está faltando força para mim.Não esperava que seria tão complicado assim.Mas a numerologia estava certa ! Preciso continuar e quero guardar na memória apenas as imagens bonitas, as cenas engraçadas e alegres que ela proporcionou.Se é verdade que São Francisco de Assis é o protetor dos animais, então, por favor, eu te rogo, onde ela estiver,cuide dela para mim.Saiba que você recebeu um presente, algo que não vou mais esquecer.Espero que ela saiba que nós sempre a amamos, sempre a amaremos, você é insubstituível.Ainda hoje parece que escutei o andar dela sobre o carpete de madeira, a pouco parece que escutei o som da sua respiração, o cheiro de cachorrinha veio bem suave perto de mim .Fica com Deus !

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